Só tenho uma
coisa para falar sobre o terceiro mês sem cigarro: não é porque você fez uma
coisa inteligente (parou de fumar) que ficou rico.
Ah, como eu
queria que alguém tivesse me dado esse conselho! Quem sabe assim eu não teria
entrado no ciclo compulsão > culpa > autopunição. Será?
Mas onde
colocar a compulsão se na comida eu não estava permitindo jogá-la? Se não me
permitia comer um mísero bombom?
No trabalho?
Nada feito! Não tinha cabeça, concentração, nem inspiração para escrever ou
começar qualquer projeto novo que fosse - além disso, os primeiros sintomas
de depressão começaram a aparecer.
Na atividade
física? Well, apesar de treinar duas horas por dia todos os dias nunca tive
aptidão para rata de academia. Vencer a preguiça (não era preguiça, era
depressão!) para fazer as duas horas de atividade já era muito...
Onde
colocar? Onde colocar? Para onde deslocar a maldita compulsão que acompanha
todo viciado?
Para as
compras!
Tudo besteirinha: esmaltes, bijux, calcinhas, livros de sebo ou de
banca de jornal, promoções de R$9, 90. Acontece que de R$9,90 a R$9,90 você pode
queimar uma viagem para Buenos Aires.
Fiquei endividada,
claro! Não conseguia trabalhar e estava gastando mais do que tinha. O
sentimento de culpa aumentou e piorou ainda mais a depressão que começava a
mostrar seus dentes de chumbo.
Era mais
forte do que eu, simplesmente não conseguia parar de comprar. O bem estar
promovido pelo ato de comprar aliviava minha angustia, mas assim como acontece
com qualquer droga o efeito durava pouco. Todo dia eu acordava e fazia das lojas de
Copacabana o meu paraíso e meu inferno.
Sobre compras
compulsivas:
Preocupação
excessiva, perda de controle sobre o ato de comprar; aumento progressivo do
volume de compras; tentativas frustradas de reduzir ou controlar as compras;
comprar para lidar com angústias ou outra emoção negativa; mentiras para
encobrir o descontrole com compras; prejuízos nos âmbitos social, profissional
e familiar; problemas financeiros causados por compras. Essas são as principais
características de indivíduos que apresentam o transtorno de compra compulsiva
– a chamada oniomania, palavra derivada dos termos gregos oné (a compra, a
aquisição) e manía (a insânia, a fúria). saiba mais
Somente depois
de passar uma madrugada inteira num looping de crise ansiosa (fluxo de pensamentos
catastróficos sem relação com a realidade e sem controle) e de quase morrer afogada
no mar na manhã seguinte é que voltei para a terapia.
Compreendi que
precisava de ajuda profissional. A compulsão deslocada para as compras ainda
demorou alguns meses para cessar...
monicamontone
imagem: google
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