Quando foi
que eu me tornei essa pessoa tão frágil e insegura? Ou será que sempre fui, mas
nunca quis admitir?
Por que
alguns quilos a mais são capazes de fazer com que eu acredite que todas as
mulheres (magras) do ambiente são melhores e mais bonitas do que eu e que por
esse motivo meu namorado está prestando atenção em todas elas?
Meu namorado é um lord, um sujeito elegante, jamais ficaria olhando para outras meninas na minha frente (ele nunca fez isso) e estava numa conversa animadíssima com um amigo nosso que estava hospedado em sua casa, ele sequer estava olhando
para os lados, no entanto, porque EU notei duas garçonetes magras e
descoladas (estávamos numa cervejaria
artesanal com pegada rock and roll) zanzando daqui pra lá fiquei extremamente
incomodada.
Isso nunca tinha me acontecido antes! Esse incomodo nunca tinha me
acontecido antes porque eu sempre consegui controlar meu peso e me manter
magra.
Minha
primeira reação ao incômodo: não comer. Eu estava faminta, mas como me senti um hipopótamo
dentro daquela cervejaria comer apenas aumentaria essa sensação e por mais que
eu soubesse racionalmente que nenhuma bunda cresce do dia para a noite, não
consegui comer.
Me entupi de
cerveja, briguei com meu namorado por um motivo bastante idiota (que nada tinha
a ver com as moças aparentemente) e voltei para casa chorando por estar me sentindo horrorosa e me sentindo ameaçada por duas
desconhecidas só por elas estarem mais magras do que eu.
Chegando em casa tomei uma
sopa que tinha na geladeira, mas estava com tanto ódio de mim por "ter me
permitido ficar daquele tamanho" que vomitei a sopa toda.
No dia
seguinte acordei arrasada! De ressaca e com vergonha da minha fragilidade e insanidade -
nunca, em tempo algum, duas garçonetes magricelas e cheias de tatuagens me deixariam
incomodada. O que diabos estava acontecendo comigo?
Comecei a
semana na maior bad. Tinha jurado para mim que não ia mais beber até emagrecer
e quebrei o juramento no final de semana quando recebi um amigo de fora na cidade. Bebi muito sexta, sábado e domingo e quando subi na balança segunda-feira
o resultado do estrago estava lá: 1,5kg a mais.
Detalhe: meu
amigo de fora é fumante e fumou o final de semana inteiro perto de mim. Eu
deveria ter me dando os parabéns por não ter tido nenhuma recaída, por não ter
dado um único trago compartilhado sequer; deveria ter sentido orgulho de mim! Mas não, preferi me punir por ter
engordado 1,5kg e passei a semana afundada no meu sentimento de paralisia e depressão.
A sensação de estar
perdendo o controle do meu corpo fez com que eu perdesse o controle das minhas
emoções e isso me assustou por demais e me botou mais ansiosa ainda.
Como vinha fazendo, levei tudo para o divã: ansiedade, necessidade de
controle, autoimagem desregulada, insegurança, autopunição, medos
desproporcionais e despropositais.
Naquela segunda-feira
senti muita pena de mim. Pena por nunca ter tratado com carinho, seriedade e coragem
o meu transtorno alimentar. Mas isso já é assunto pra outro post.
Nota: relato
escrito com 8 meses de abstinência
monicamontone
fotos da noite fatídica: depois de chorar no banheiro da cervejaria/ 8 meses sem cigarro/ 66kg
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