11.9.17

ninguém engorda sem motivo


É preciso que haja honestidade para resolver o que quer que seja nessa vida. Negar o problema, um traço de personalidade, uma compulsão; negar o que fazemos e somos não vai resolver nossos problemas, tampouco ajudar a operar as mudanças que desejamos.

Ok, eu engordei depois que parei de fazer a reposição de nicotina (lá pelo quarto mês) e comecei a ver o ponteiro da balança subir -  cheguei a me assustar com 8kg a mais, depois consegui controlar a oscilação e no momento transito entre 4kg e 5kg acima do peso que tinha antes de parar de fumar.

Por que, meodeos, por que? Por que esse maldito ganho de peso se estou me alimentando de forma saudável, sem excesso de carboidratos, sem doces, massas, pães; com grãos integrais, verduras, legumes, frutas, bebendo muita água e chás e malhando duas horas por dia cinco dias por semana?

Honestamente? Porque estou repetindo 3x as porções que como e bebendo mais álcool, muito mais do que bebia antes.

Não adianta tentar se enganar, ninguém engorda do vento, do nada, só Maria engordou por conta do divino Espírito Santo (ô piada infame, mas não resisti) e por uma boa causa.

Dia desses fiz um quibe vegetariano com abobora assada, quinoa e hortelã macerada com limão para comer no jantar com salada de folhas variadas e tomate cereja. Jantarzinho saboroso, saudável, índice glicêmico ok. Acontece que comi metade do tabuleiro na hora do jantar e a outra metade durante a madrugada vendo reprises de novelas no canal Viva.

Antigamente (quando eu fumava) uma merda de tabuleiro desses dava para dois dias, eu comia educadamente um ou dois quadradinhos por refeição.

O álcool, ah, o álcool. Sempre gostei de beber, mas nunca fui de beber sempre. Passei dois anos sem beber absolutamente nada de álcool no período em que estava mais dedicada ao yoga. Gosto de beber socialmente, mas não obrigatoriamente todo final de semana.

Depois que parei de fumar o que tem acontecido? Tem acontecido que meu humor está péssimo, parece que nunca mais vai estabilizar (e olha que já estou no décimo mês sem cigarro); um tédio mortal de tudo e de todos parece ter se deitado sobre minha alma, falta paciência, sobra irritação e nada me alegra verdadeiramente como antes. Mentira! O álcool tem me trazido a alegria que outrora me foi genuína.

Conclusão? Tenho bebido em demasia. Tenho bebido todo final de semana, coisa que não fazia. Tenho bebido uma, duas, três garrafas de vinho ou champanhe em boa cia -  antes apenas duas ou três taças bastavam para eu ficar, como se diz, “alegrinha”.

Só que álcool e controle (ou perda) de peso são coisas que DEFINITIVAMENTE não combinam.

Costumo me pesar toda segunda-feira de manhã, logo que acordo, em jejum, sem roupa (tenho uma balança em casa) para sentir o estrago do final de semana e para saber quais medidas terei que adotar nos próximos dias. Os finais de semana em que não bebo nada alcoólico eu mantenho o peso ou até perco alguns gramas, já os que consumo álcool costumo engordar de 1,5kg a 2kg.

Então eu sei exatamente o que devo fazer:  1) diminuir minhas porções (porque mesmo comidas saudáveis em quantidades cavalares engordam); 2) deixar de beber por um período.

Diminuir as porções eu até consigo, mas não beber? Confesso que atualmente o vinho, o champanhe ou a cerveja artesanal têm sido boias de descanso nesse mar de desesperança, embotamento e tristeza em que me encontro. Oh, que coisa mais clichê, cafona, démodé e perigosa, não? Buscar conforto na bebida.

Felizmente não coloquei minha compulsão no álcool, não tenho feito dele meu anestésico como as pessoas que bebem todos os dias e/ou sozinhas em casa, mas tenho abusado, sim, nos finais de semana.

“-  Baby, abre outra garrafa!”, tem sido uma frase bastante repetida por mim aos sábados e domingos.

Ai que exaustão disso tudo!

Parar de fumar não tira apenas o cigarro das nossas vidas: nos tira de nós mesmos. O luto não é pelo companheiro perdido, este se supera lá pelo quinto ou sexto mês; o luto permanente é o luto do que éramos - que se agrava com a depressão que teima em nos abraçar no período da abstinência.

É como se desaparecêssemos, como se nos tornássemos um borrão sem contorno, como se nada fizesse sentido ou valesse a pena. Como se não houvesse futuro, nem passado, só um presente agonizante e cinza.

 E poxa, como beber alivia essa sensação de ausência de contorno e sentido. A bebida provoca quase a mesma sensação da meditação, só de que forma rápida, prolongada e sem esforço -  nem sempre consigo sentar, respirar, meditar...

Eu tinha jurado há duas semanas que ia parar de beber por um tempo, por conta do controle do peso e por receio de deslocar a compulsão para outro tipo de vício. Mas acabei indo para o sítio, tava friozinho, o namorado cozinhando um delicioso risoto, a lua cheia convidando... Não resisti...

Segunda-feira. Resultado da farra no sítio: 2kg a mais na balança. Irritação máxima. Vontade de desistir dessa porra toda, inclusive de parar de fumar. Não aguento mais esse humor deprimido que não combina comigo e me impede de viver plenamente; não aguento mais esse controle irritante de peso, não aguento mais me sentir raivosa por ter bebido vinho com meu namorado numa noite de lua cheia num lindo sítio; não aguento mais sentir raiva de mim por me importar com essa besteira de peso, algo que considero fútil, mas me mobiliza.

Estou há dez meses nessa luta e estou exausta. Tem o lado bom? Tem, sempre tem. Aliás, vou fazer uns posts motivacionais para tentar me empolgar com minha conquista de ter parado de fumar. Sim, o lado bom existe, porém há dias (semanas, meses) em que ele simplesmente não ultrapassa o ruim.

Espero, com todas as minhas forças, que um dia eu dê risada disso tudo e que aprenda de fato boas lições com essa jornada. Por ora eu tenho apenas oscilado entre a vaidade de estar conseguindo me manter longe do vício e uma tristeza sem foco, opaca e desesperançada.

monicamontone 







fotos do final de semana no sítio 

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