É preciso que haja honestidade para resolver o que quer que
seja nessa vida. Negar o problema, um traço de personalidade, uma compulsão; negar
o que fazemos e somos não vai resolver nossos problemas, tampouco ajudar a
operar as mudanças que desejamos.
Ok, eu engordei depois que parei de fazer a reposição de nicotina (lá pelo quarto mês) e comecei a ver o ponteiro da balança subir
- cheguei a me assustar com 8kg a mais,
depois consegui controlar a oscilação e no momento transito entre 4kg e 5kg
acima do peso que tinha antes de parar de fumar.
Por que, meodeos, por que? Por que esse maldito ganho de
peso se estou me alimentando de forma saudável, sem excesso de carboidratos, sem doces, massas,
pães; com grãos integrais, verduras, legumes, frutas, bebendo muita água e chás
e malhando duas horas por dia cinco dias por semana?
Honestamente? Porque estou repetindo 3x as porções que como
e bebendo mais álcool, muito mais do que bebia antes.
Não adianta tentar se enganar, ninguém engorda do vento, do
nada, só Maria engordou por conta do divino Espírito Santo (ô piada infame, mas
não resisti) e por uma boa causa.
Dia desses fiz um quibe vegetariano com abobora assada,
quinoa e hortelã macerada com limão para comer no jantar com salada de folhas
variadas e tomate cereja. Jantarzinho saboroso, saudável, índice glicêmico ok. Acontece
que comi metade do tabuleiro na hora do jantar e a outra metade durante a
madrugada vendo reprises de novelas no canal Viva.
Antigamente (quando eu fumava) uma merda de tabuleiro desses
dava para dois dias, eu comia educadamente um ou dois quadradinhos por
refeição.
O álcool, ah, o álcool. Sempre gostei de beber, mas nunca
fui de beber sempre. Passei dois anos sem beber absolutamente nada de álcool no
período em que estava mais dedicada ao yoga. Gosto de beber socialmente, mas
não obrigatoriamente todo final de semana.
Depois que parei de fumar o que tem acontecido? Tem
acontecido que meu humor está péssimo, parece que nunca mais vai estabilizar (e
olha que já estou no décimo mês sem cigarro); um tédio mortal de tudo e de
todos parece ter se deitado sobre minha alma, falta paciência, sobra irritação
e nada me alegra verdadeiramente como antes. Mentira! O álcool tem me trazido a
alegria que outrora me foi genuína.
Conclusão? Tenho bebido em demasia. Tenho bebido todo final
de semana, coisa que não fazia. Tenho bebido uma, duas, três garrafas de vinho ou
champanhe em boa cia - antes apenas duas
ou três taças bastavam para eu ficar, como se diz, “alegrinha”.
Só que álcool e controle (ou perda) de peso são coisas que
DEFINITIVAMENTE não combinam.
Costumo me pesar toda segunda-feira de manhã, logo que
acordo, em jejum, sem roupa (tenho uma balança em casa) para sentir o estrago
do final de semana e para saber quais medidas terei que adotar nos próximos
dias. Os finais de semana em que não bebo nada alcoólico eu mantenho o peso ou
até perco alguns gramas, já os que consumo álcool costumo engordar de 1,5kg a
2kg.
Então eu sei exatamente o que devo fazer: 1) diminuir minhas porções (porque mesmo comidas
saudáveis em quantidades cavalares engordam); 2) deixar de beber por um
período.
Diminuir as porções eu até consigo, mas não beber? Confesso que
atualmente o vinho, o champanhe ou a cerveja artesanal têm sido boias de
descanso nesse mar de desesperança, embotamento e tristeza em que me encontro. Oh,
que coisa mais clichê, cafona, démodé e perigosa, não? Buscar conforto na
bebida.
Felizmente não coloquei minha compulsão no álcool, não tenho
feito dele meu anestésico como as pessoas que bebem todos os dias e/ou sozinhas
em casa, mas tenho abusado, sim, nos finais de semana.
“- Baby, abre outra
garrafa!”, tem sido uma frase bastante repetida por mim aos sábados e domingos.
Ai que exaustão disso tudo!
Ai que exaustão disso tudo!
Parar de fumar não tira apenas o cigarro das nossas vidas: nos
tira de nós mesmos. O luto não é pelo companheiro perdido, este se supera lá
pelo quinto ou sexto mês; o luto permanente é o luto do que éramos - que se
agrava com a depressão que teima em nos abraçar no período da abstinência.
É como se desaparecêssemos, como se nos tornássemos um
borrão sem contorno, como se nada fizesse sentido ou valesse a pena. Como se
não houvesse futuro, nem passado, só um presente agonizante e cinza.
E poxa, como beber
alivia essa sensação de ausência de contorno e sentido. A bebida provoca quase
a mesma sensação da meditação, só de que forma rápida, prolongada e sem
esforço - nem sempre consigo sentar, respirar, meditar...
Eu tinha jurado há duas semanas que ia parar de beber por um
tempo, por conta do controle do peso e por receio de deslocar a compulsão para
outro tipo de vício. Mas acabei indo para o sítio, tava friozinho, o namorado
cozinhando um delicioso risoto, a lua cheia convidando... Não resisti...
Segunda-feira. Resultado da farra no sítio: 2kg a mais na
balança. Irritação máxima. Vontade de desistir dessa porra toda, inclusive de
parar de fumar. Não aguento mais esse humor deprimido que não combina comigo e
me impede de viver plenamente; não aguento mais esse controle irritante de peso,
não aguento mais me sentir raivosa por ter bebido vinho com meu namorado numa
noite de lua cheia num lindo sítio; não aguento mais sentir raiva de mim por me
importar com essa besteira de peso, algo que considero fútil, mas me mobiliza.
Estou há dez meses nessa luta e estou exausta. Tem o lado
bom? Tem, sempre tem. Aliás, vou fazer uns posts motivacionais para tentar me
empolgar com minha conquista de ter parado de fumar. Sim, o lado bom existe, porém
há dias (semanas, meses) em que ele simplesmente não ultrapassa o ruim.
Espero, com todas as minhas forças, que um dia eu dê risada disso
tudo e que aprenda de fato boas lições com essa jornada. Por ora eu tenho
apenas oscilado entre a vaidade de estar conseguindo me manter longe do vício e
uma tristeza sem foco, opaca e desesperançada.
monicamontone
fotos do final de semana no sítio
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