5.11.17

8 meses sem fumar: encarando o medo de engordar

Entre o sétimo e o oitavo mês sem cigarro eu deixei a casa do meu em SP e voltei para o Rio. Ainda não me sentia apta a retomar minha vida por completo. As crises ansiosas tinham dado um descanso, estavam cada vez mais espaçadas, mas uma leve depressão ainda latejava em mim.

Estava desesperançada, sem entusiasmo, empurrando os dias com a barriga. Estar novamente na minha rotina depois de quase 3 meses queria dizer, entre outras coisas, cuidar da casa, da minha alimentação, das minhas contas, dos meus contratos de trabalho, etc, etc, etc e eu definitivamente não me sentia preparada para nada disso.

Um desanimo total me pregava à cama. Naquela altura eu já tinha conseguido voltar a ler e passava os dias na cama ora lendo, ora pesquisando coisas na Internet, ora chorando, sentindo pena de mim, sem saber que rumo tomar. Só não deixava de ir à academia. 

Para que eu não regredisse na melhora quando regressei, meu namorado tirou uns dias de folga e me levou para um dos lugares que mais amo nessa vida: Visconde de Mauá. Sou uma mocinha urbana apaixonada pelos grandes centros, mas não vivo muito tempo sem o cheiro de terra, banho de cachoeira, som de grilo e passarinho.

Passamos dias de lua de mel deliciosos por lá, andei descalça sobre a grama fresca, peguei fruta no pé; cozinhamos, namoramos, rimos, andamos a cavalo. Mas nada disso impediu que eu não tivesse uma crise ansiosa fortíssima no meio de uma madrugada - encafifei que minha mãe ia morrer e chorava sem parar, só sosseguei quando liguei para a pobre no meio da madrugada, depois de andar uns bons metros para conseguir sinal no celular. Oh, lord.

Felizmente, aquela foi única crise em dez dias. Fiquei feliz em constatar que as crises estavam indo embora.Ufa, era a glória. 

De Mauá fomos para Alagoas e passamos um bom tempo por lá. Mas se as crises ansiosas estavam começando a dar no pé, se a depressão começava a evaporar, as paranoias relacionadas ao ganho de peso (estava com 6 kg acima do peso inicial) chegaram com força total. 

Odiava meu corpo com 6 kg mais com todas as minhas forças e às vezes chorava em frente ao espelho quando ia me arrumar para sair. Sentia-me horrorosa e pior, sem cabeça e energia alguma para começar algum modelo alimentar restritivo que me levasse a perda de peso. Nunca, desde os meus 17 anos, eu tinha perdido tanto o controle sobre o meu peso e aquilo me assustava enormemente. 

Foi então que compreendi que não poderia mais fugir do meu transtorno alimentar -  que migrou da bulimia ( na adolescência) para uma quase ortorexia (fase adulta). 

Por quê? Por que simplesmente eu não conseguia me parabenizar pelo feito incrível de ter parado fumar

Por que eu tinha sempre que inventar uma forma de me punir? O que meu corpo tinha a ver com aquilo tudo?

monicamontone

foto tirada em Alagoas. foto que me fez chorar litros por conta do tamanho das minhas coxas.


Um comentário:

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