Entre o
sétimo e o oitavo mês sem cigarro eu deixei a casa do meu em SP e voltei para o Rio. Ainda não
me sentia apta a retomar minha vida por completo. As crises ansiosas tinham
dado um descanso, estavam cada vez mais espaçadas, mas uma leve depressão ainda
latejava em mim.
Estava
desesperançada, sem entusiasmo, empurrando os dias com a barriga. Estar novamente
na minha rotina depois de quase 3 meses queria dizer, entre outras coisas,
cuidar da casa, da minha alimentação, das minhas contas, dos meus contratos de
trabalho, etc, etc, etc e eu definitivamente não me sentia preparada para nada
disso.
Um desanimo
total me pregava à cama. Naquela altura eu já tinha conseguido voltar a ler e
passava os dias na cama ora lendo, ora pesquisando coisas na Internet, ora
chorando, sentindo pena de mim, sem saber que rumo tomar. Só não deixava de ir à academia.
Para que eu
não regredisse na melhora quando regressei, meu namorado tirou uns dias de folga e me
levou para um dos lugares que mais amo nessa vida: Visconde de Mauá. Sou uma
mocinha urbana apaixonada pelos grandes centros, mas não vivo muito tempo sem o cheiro de terra, banho de cachoeira, som de grilo e passarinho.
Passamos dias
de lua de mel deliciosos por lá, andei descalça sobre a grama fresca, peguei fruta no pé;
cozinhamos, namoramos, rimos, andamos a cavalo. Mas nada disso impediu que eu não tivesse uma crise ansiosa fortíssima no meio de uma madrugada - encafifei que
minha mãe ia morrer e chorava sem parar, só sosseguei quando liguei para a
pobre no meio da madrugada, depois de andar uns bons metros para conseguir
sinal no celular. Oh, lord.
Felizmente, aquela
foi única crise em dez dias. Fiquei feliz em constatar que as crises estavam
indo embora.Ufa, era a glória.
De Mauá
fomos para Alagoas e passamos um bom tempo por lá. Mas se as crises ansiosas
estavam começando a dar no pé, se a depressão começava a evaporar, as paranoias
relacionadas ao ganho de peso (estava com 6 kg acima do peso inicial) chegaram
com força total.
Odiava meu corpo com 6 kg mais com todas as minhas forças e às vezes chorava em frente ao
espelho quando ia me arrumar para sair. Sentia-me horrorosa e pior, sem cabeça
e energia alguma para começar algum modelo alimentar restritivo que me levasse
a perda de peso. Nunca, desde os meus 17 anos, eu tinha perdido tanto o controle sobre o meu peso e aquilo me assustava enormemente.
Foi então
que compreendi que não poderia mais fugir do meu transtorno alimentar - que migrou da bulimia ( na adolescência) para uma quase ortorexia (fase adulta).
Por quê? Por que simplesmente eu não conseguia me parabenizar pelo feito incrível de ter parado fumar?
Por que eu tinha sempre que inventar
uma forma de me punir? O que meu corpo tinha a ver com aquilo tudo?
monicamontone
foto tirada em Alagoas. foto que me fez chorar litros por conta do tamanho das minhas coxas.
Toda gatérrima. Coxas lindas.
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