5.11.17

seis e sete meses sem cigarro: aprendendo a aceitar ajuda

Instalei-me confortavelmente no quarto de hóspedes da casa do meu querido pai e durante dois meses e meio dediquei-me única e exclusivamente a tentar frear as crises ansiosas e o quadro de depressão que avançava desde que tinha decidido parar de fumar. 

Algumas pessoas ao meu redor não entendiam para quê “tanto sofrimento” se eu podia tomar um antidepressivo e “resolver” o problema, mas todos respeitavam a minha escolha (de manter terapia e medicinas alternativas) e procuravam dar o melhor de si para me ajudar a sair daquele quadro.

Coisas que foram MUITO importantes durante esse período e me ajudaram a me restabelecer e não ter uma recaída do cigarro:

1. acolhimento, carinho e amor do meu pai, que apenas me apoiou (emocionalmente e financeiramente) sem questionar nada;

2. apoio, compreensão e amor do meu namorado -  que ficou quase três meses sem me ver, na torcida para que eu melhorasse;

3. paciência e compreensão dos meus amigos e demais familiares -  tive muitas explosões de raiva nesse período, fui grosseira com muita gente, mas todos perdoaram e acolheram minha dor;

4. rotina fixa: hora para comer, hora para malhar, hora para dormir;

5. comer bem: não ter que me preocupar com a minha alimentação e ter alguém (a funcionária linda de papai) cozinhando comidas saudáveis todos os dias;

6. passear: sim, passear, me dar férias, visitar museus, exposições, ir ao cinema – quem é autônomo não percebe, mas acaba quase nunca tirando férias;

7. manter a acupuntura: a acupuntura foi um divisor de águas para mim, especialmente no que diz respeito ao tabagismo, quero falar mais alongadamente sobre ela num outro post.

8. conseguir voltar a ler - algo que me angustiava MUITO nos primeiros meses era não ter concentração para ler -  e escolher o livro “Atenção plena – Mindfulness: Comoencontrar a paz em um mundo frenético”.

9. parar com as restrições alimentares e voltar a comer carboidratos naturais como batatas e leguminosas, frutas, grãos integrais, etc sem paranoia e manter as atividades físicas diárias.  

10. aceitar que não ia conseguir parar de fumar e não engordar: durante o período na casa de papai engordei quase 4 kg.

Aos poucos as crises ansiosas (leia: fluxo incontrolável de pensamentos catastróficos sem qualquer conexão com a realidade) foram diminuindo - passaram de 4 vezes ao dia para uma ou duas vezes por semana. A insônia às vezes dava trégua, noutras não. Durante esse período precisei usar o Rivotril em três crises fortes. Sobre meu uso do medicamento falei aqui

As crises ansiosas foram, sem dúvida, a pior coisa que já experimentei em minha vida, não desejo aquele desespero para ninguém.  

Aprender a aceitar ajuda talvez tenha sido a lição mais bonita que aprendi nesse período. 

monicamontone

Nota

Abaixo algumas fotos do meu "período sabático" em São Paulo. Provavelmente quem me acompanha no Instagram (única Rede Social que mantive ativa nessa época) nem imaginava que eu estava com um quadro bem acentuado de depressão e tendo diversas crises de ansiedade generalizada ao dia. As Redes Sociais podem mesmo enganar a gente, pois vemos apenas o recorte do dia, do período e não o todo e é claro que eu tive inúmeros momentos bons nessa fase, que conheci pessoas bacanas e visitei lugares incríveis e foram esses momentos que preferi partilhar. 

















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